quarta-feira, 30 de março de 2011

observação do dia-a-dia

Ele sai do mercado meio capengo, já não há tanto equilíbrio como um dia havia. Estaciona a sombrinha atrás do banco de sua bicicleta vermelha que, provavelmente, o acompanha algumas décadas. Ajeita a sacola no guidão, confere o troco com o indicador na palma de sua mão. Logo solta suas moedinhas junto aos pães. Com suas mãos meio trêmulas, retira o maço de cigarro do bolso de trás da calça, e junto a um cigarro puxa um isqueiro. Impedindo de que o vento apagasse a chama, levou, lentamente, uma mão próximo a boca e enquanto a outra acende o cigarro. Dá uma tragada e em seguida pelas suas narinas expele aquela fumaça que anos já vem tocando aqueles pulmões. Direciona seu calcanhar para o pézinho da bicicleta, onde a mantém em pé e novamente de forma lenta apóia seu pé ao chão, enquanto suas mãos apóiam-se no guidão daquela velha e enferrujada parceria de longas datas, os pés já apoiados ao chão percebe-se um das barras da calça mais curta que a outra e seu chinelo desgastado. Com seus lábios apertados, segura firme aquele cigarro. De forma lenta empurra sua "magrelinha". Lá vai aquele senhor, tão cheio de vida quanto as rugas que possui.

quinta-feira, 24 de março de 2011

x

Ele a deixou e ainda tenta-se desfazer os nós dos cachos, o mesmo nó que ficou preso na garganta, aquele que enozou o meio do peito, que ficou amarrado aos dois pés que a impediu de escapar. O nó do laço preso aos fios do seu cabelo. O mesmo nó no dedo para não esquecer aquela data. O nó no cadarço do tênis jogado debaixo da cama. O nó na fita que segurava sua calça. O nó que havia entre seus abraços. E aquele que enozava as línguas durante o beijo. O nó dos olhares e dos cheiros. O nó da gravata esquecida no cabide. O nó no laço da caixa de bombom. O nó na alça do pijama. O nó entre os lençóis. Aquele nó que segurava os sentimentos, que amarrava os sorrisos, e entrelaçava os corações. O nó que segura as lembranças e o nó bem apertado que não deixa escapar a saudade.


quinta-feira, 10 de março de 2011

Não vou dizer adeus, por que eu te amo.

sexta-feira, 4 de março de 2011

Hoje quis te ligar,

E dizer que sinto sua falta.
Que é vazio meu sorriso longe do seu,
que nenhuma outra mão se perdeu entre os fios do meu cabelo.
Quis te falar que aquela leve mordida no canto do lábio,
quando me observava, me rendia.
E o "te amo" sussurrado no ouvido, nunca mais soou por aqui.
Que os bilhetinhos de amor estão acumulados na gaveta do criado mudo.
Quis te falar tanta coisa.



Mas prefiro assim deixar.

quinta-feira, 3 de março de 2011

Nunca tive um amor de Carnaval.
Nunca tive amor de Verão.
Nunca tive um amor de verdade [?]